DELÍRIOS DE CONSUMO. Produção de Jerry Bruckheimer: Buena Vista Internacional, EUA, 2009.1 DVD (104min), Romance/Comédia, widescreen, color.
Este filme dirigido pelo cineasta P.J. Hogan nos alerta sobre os diferentes tipos de persuasão que encontramos ao nosso redor, seja, através de textos publicitários, propagandas televisivas, internet, ou seja, por meio de um discurso oral ou escrito (no caso da política). Este longa exprime, mesmo que, em forma de comédia, um alerta sobre os cuidados que devemos ter dentro de uma sociedade tão consumista, principalmente a norte-americana.
A História se passa em Nova York com Rebecca Bloomwood (Isla Fisher), que é uma jovem jornalista que não consegue se controlar no quesito "compras". Os sete cartões de crédito são insuficientes para que ela compre as roupas que deseja adquirir. Seu quarto mais se parece com um provador de loja, inundado de peças, sapatos, bolsas e afins espalhados, e ela não se cansa de comprar mais. O detalhe é que Rebecca não é rica, pelo contrário. Tanto que suas dívidas já chegam à casa dos US$ 16 mil. E a situação piora quando ela acaba de ser demitida, por ironia do destino, Rebecca consegue um emprego numa revista de finanças, trabalhando ao lado do editor Luke Brandon (Hugh Dancy). Com sua visão particular em relação ao dinheiro, ela acaba fazendo sucesso junto aos leitores da revista onde trabalha, quebrando o gelo do acinzentado mundo das finanças, tornando o assunto chamativo a mulheres que, assim como ela, são incapazes de lidar com dinheiro.
O poder persuasivo apresentado no filme dá-se por meio das vitrines exuberantes de Nova York, com manequins animados que praticamente chamam, convidam os transeuntes que por ali passam, a entrar e adquirir os produtos oferecidos, bem como, os anúncios da ‘Alette Magazine’ a mais famosa publicação voltada à moda feminina comandada pela elegante Alette Naylor. Tudo sem contar os anúncios veiculados pela televisão, de queima de estoques de todo gênero, na qual os consumidores (95% mulheres), quase se matam para conseguir algum produto, mesmo que este não lhe seja tão necessário, compram somente pelo prazer de consumir. Nota-se um forte apelo emotivo nas propagandas e anúncios, engodos que, para uma compradora compulsiva como Rebecca, são fatais, irresistíveis, afinal “A propaganda é a alma do negócio”, este célebre slogan denota bem tudo o que se passa neste longa.
Pode-se dizer que este filme também mostra os muitos lados negativos do consumo desenfreado, que vai de encontro diretamente com a crise financeira que o planeta enfrenta no momento. Os ‘Delírios de Consumo de Becky Bloom’ é baseado nos livros de Sophie – especificamente Os Delírios de Consumo de Becky Bloom e Delírios de Consumo na 5ª Avenida -, mas não é completamente dependente deles.
O diretor P. J. Hogan (Brisbane, 1962) é um cineasta australiano, seu primeiro grande sucesso foi o filme ‘O Casamento de Muriel’(1994), que ajudou a alavancar a carreira de atrizes hoje consagradas como Toni Collette e Rachel Griffiths. O sucesso do filme levou-o a Hollywood, onde dirigiu, em 1997, o filme ‘ O casamento do meu melhor amigo’, com Julia Roberts, Cameron Diaz e Dermot Mulroney.
A partir destas idéias descrevemos os
elementos de articulação da publicidade
com o mundo social, seu contexto
político-econômico-cultural, suas práticas, seu processo e sua forma de
fluxo. Esse exercício teórico viabilizado pelos estudos culturais revela
que, num movimento de constituição mútua entre a produção e a recepção, o
fluxo publicitário articula produtos e universos simbólicos com
as práticas cotidianas. Por fim, vemos que, entre a economia e a cultura,
a publicidade influencia estruturalmente o consumo dos receptores e,
simultaneamente, tem sua configuração influenciada pelas realidades,
desejos e valores destes sujeitos.
A noção de “articulação” permite
associar a publicidade com seu contexto social, ou seja, as condições
econômicas do sistema capitalista, as políticas de regulamentação das
atividades publicitárias, a cultura de consumo, as
representações veiculadas pelos anúncios e as identidades dos receptores,
entre outros fatores. A relação com todas essas dimensões do mundo social,
confere à publicidade uma configuração multifacetada, já que é ao mesmo
tempo uma instituição econômica de produção cultural, um sistema comercial
e mágico, uma indústria e uma forma de arte e que de certa forma atrai
todos os olhares para o deejo de consumir mais, comprar mais, ter...
comprar...
''Eu gosto de fazer compras. Há
alguma coisa tão errada nisso? As lojas estão lá para serem aproveitadas. A
experiência é agradável. Bem, mais do que agradável. É linda! O brilho da seda
ostentada num manequim. O cheiro do couro de uns sapatos italianos novos. A
emoção que se sente quando se passa o cartão… Então é aprovado. E é tudo nosso!
A alegria que se sente quando se compra alguma coisa, e é só você e as compras.
Basta entregar um cartãozinho. Não é a melhor sensação do mundo? (…) Nós nos
sentimos tão confiantes, e vivos, e felizes, e confortáveis.”
(Rebecca Bloomwood, Delírios
de Consumo de Becky Bloom)
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